domingo, 21 de março de 2010

acontecer

Escrever sem nem saber,
jogar com a indefinição e o acaso.
As causas todas não explicam o mundo,
e pra falar nem sempre há a necessidade do mote -
este se faz sem pressa ou alarde
à medida que o que se diz acontece.

sábado, 20 de março de 2010

sexta-feira, 5 de março de 2010

gregos e bárbaros

A crise econômica na Grécia vem gerando muita insegurança e constrangimentos entre os europeus. Os alemães, primos ricos do bloco, não se mostram nem um pouco interessados em oferecer ajuda.  Sugerem "apenas" que os gregos vendam seus monumentos históricos e obras de arte para pagar o rombo de bilhões de euros. O clima ferveu, e entre as reações dos helenos enraivecidos (que incluem boicote aos produtos germânicos), pôde-se ouvir o seguinte comentário: "Enquanto nós esculpíamos maravilhosas estátuas, como a Vênus de Milo, eles ainda viviam em cavernas e rosnavam como cães"!

quinta-feira, 4 de março de 2010

série banheiros de bares (3)

Essa coisa de botar fotos de banheiros de bares já foi manjada há tempos pelo Mister Biga's. Bar que fica aqui perto de casa e que é cheio de pessoas tão interessantes quanto despretensiosamente peculiares. Seu banheiro é repleto de fotos emolduradas de banheiros afora e mil.
Hoje à noite estive lá. Levei um xerox de texto que estava estudando. Mas tudo ao redor me chamava mais que a leitura.
A mesa ao lado e a conversa inflamada e fora do previsível e do clichê. O garçom, Everton, e a sua postura e atenção cheias de nuances e excentricidades (naquilo que sadiamente foge do círculo restrito de gestos, olhares e manifestações).
Fiquei ali, atento, e feliz de deixar o tempo passar. E muito pensei no Gil, personagem fiel e carimbadíssimo daquela freguesia.

pensamento solto

O Geremi também pode ser qualquer conversa ou monólogo de bar.

quarta-feira, 3 de março de 2010

um jornal que mereça o nome







Não sou conhecedor da história do jornalismo mas sei que o meio sempre foi suscetível a várias formas de manipulações. Vide - e  só para ficar nos mais óbvios e clássicos - Citizen Kane e Chatô. Ainda assim, defendo a ideia de que um jornal pra ser bom não precisa ser tão-somente eticamente defensável. Acho até que bons princípios nunca fizeram um periódico razoável.
Precisa, antes de tudo, ter o mínimo de argumentação e análise! Filtrar, por mais enviesadas e tresloucadas as leituras, o que acontece urbi et orbi. E, se for preciso, esqueça-se o mundo e mergulhe-se na aldeia.
Os jornais lidos por aí não fazem nada disso. Pouco mostram do que acontece seja onde for. Preferem vender a omissão forçada em troca do esvaziamento crítico da leitura.
O Brasil já teve bons jornais de circulação nacional e local. Hoje os únicos que merecem ser lidos  - e ainda assim com as devidas ressalvas e cuidados - são a Folha, o Estadão e o Globo. Os demais aderiram a uma provincianização marqueteira análoga ao populismo midiático de outros meios tão em voga nos dias correntes. Fantástico, William Bonner e Fátima Bernardes replicados ad nauseam, reality shows, programas de auditório, noticiários sensacionalistas e canais evangélicos são o retrato fiel de uma sociedade afeiçoada à idiotia. Rádio é só jabá. Jornal, então, virou luxo pra poucos.