quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Conjecturas (anti)normativas e desconexas sem compromisso










A possibilidade de todos os modos de vida deveria rechaçar de antemão qualquer tentativa de reduzir o mundo à moldura da lei.
As normas que se mostrarem inescapáveis sejam por favor simpáticas e personalíssimas.
Gestos e fatos brutais só serão aceitos na medida em que sejam inevitáveis e tragam a possibilidade de alguma forma de aprendizagem estética.
John Lennon escreveu e cantou : "Half what I say is meaningless, but I say it just to reach you".
O cinema e o futebol hoje em dia são mera caricatura em comparação com o que um dia já foram. Vide a empulhação em grande estilo midiático das últimas Copa e entrega do Oscar.
A propósito: se Clint Eastwood é apontado como um cineasta genial (mesmo sendo inquestionavelmente competente), isto, por si só, é um sintoma gritante da não-renovação dos talentos no universo cada vez meno seleto dos fazedores de filmes e artistas em geral. Mas isso já é outra história.
Diga: qual o último grande (mas grande mesmo!) filme que assistiu?
Qual o maior atacante em atividade no futebol nacional (pra não dizer mundial)? Romário aos 41 anos?!?!
Todos métodos são chatos, falíveis e empobrecedores; mas para viver sem eles é preciso muito talento e/ou muita sorte.
Há dias que já nascem aziagos.
Renovar é preciso. Criar nem se fala.
Que venham as águas de março!
Post Scriptum (11/06/07)
O ano de 2007 - até o presente momento - será por mim lembrado como um fiasco das manifestações culturais existentes. Os filmes novos que eu assisti me pareceram fraquíssimos - e o que é pior, vêm embalados com uma propaganda midiática ensurdecedora.
O futebol está cada vez menos artístico e mais homogeneizado. Mas é uma homogeneização de medíocres com passes valendo dezenas de milhões de dólares!!
Começo a desconfiar que até os mais "independentes" articulistas culturais estão a se inebriar nesta atmosfera pasmacenta e profundamente enganosa. Afinal, todos têm que garantir a conta bancária no quinto dia útil do mês...
Queres respirar? Desconecta-te por um tempo deste estéril ambiente contemporâneo. Verás que os horizontes se espalham muito além do anunciado por intelectuais midiatizados e artistas vampiros das leis de incentivo e patrocínios "suspeitos"a granel.
Por via das dúvidas, evita os jornais, a televisão, blogs desqualificados, o último lançamento em dvd...
Ogum e Zeus do céu! Nunca houve tamanha saturação! Se há alguma novidade digna de nota, acredito (pelo menos no momento em que escrevo essas linhas): elas estarão todas escondidas - discretas e quase imóveis. Ou no passado ou longe dos holofotes da obviedade de rebanho.
Mas que ainda há pujança humana a ser nutrida e multiplicada, disso eu não tenho dúvidas.
Vamos acordar!

Um comentário:

  1. Quero deixar bem claro que meu caráter apocalíptico frente ao deserto cultural que nos cerca não é absolutista. Há sim brechas, interstícios e poros a serem cuidadosa e sanguiniamente explorados. Mas pra isso, antes de tudo, temos que parar de nos preocupar com a o dogma da contemporaneidade e assumirmos nosso sentimento anacrônico do mundo.
    Penso que se levou ao extremo a necessidade de adaptação ao estado de coisas que nos acomete e submete. Tudo que seja o minimamente criativo é desde cedo travado, segmentado e castrado em favor de certas regras que ninguém sabe exatamente para o que servem - a não ser que, a princípio, são as mais lucrativas.
    Nunca fomos tão medrosos e pouco criativos como hoje em dia. A mídia aniquilou o nosso bom senso. Atualmente se respira o ar parado de uma classe média burra e arrivista. Não há porque compactuarmos mais com essa realidade estúpida que está aí a chupar nosso sangue. Mas as respostas não podem ser igualmente agressivas e estúpidas. Precisamos recuperar a delicadeza viril dos nossos antepassados que se extraviou no meio de tanta discursividade e praticidade tolas. Era isso, por enquanto...

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