sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Metablog

O Geremi não possui uma identidade tão nítida como a do Mangibre - espaço este explicitamente destinado a conversas nas quais a cidade desponte, mesmo na mais insignificante das hipóteses, no cenário maior ao fundo. Mas - permitam-me a explicação sobre a presente cria coletiva que vos fala - é precisamente aí que o seu personagem pode vir a ganhar vida, assumindo então o papel descompromissado da postagem, situado ali, num ponto equidistante entre o gratuito singelo e o espontâneo mensageiro.
O Geremi, de fato, surgiu como um ardil da expressividade atormentada diante da necessidade castradora de entretecer temas rigorosamente relevantes. Por isso, sua escancarada falta de zelo para com as falas muito bem articuladas ou fotos assaz espetaculares.
Pra falar bem a verdade, pelo menos até onde eu alcanço, Geremi é estado de espírito, como aquelas atmosferas familiares corporificadas em névoa amiga, em que se reconhece, na hora, o vulto, e, inebriadamente, se aspira seu peculiar olor de longe.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Bolhas de oxigênio

No mundo de hoje - competitivo, indiferente e hostil - quem possui certa sensibilidade e senso crítico - e, na mesma medida, despossui talento político ou teatral - precisa criar resguardos pra sobreviver minimamente bem. Pois senão jamais se sai da lona e o caminho pro chão é equivalente ao da gravidade que impede o homem de voar e ver a vida por um ângulo menos burro.
Bolhas de oxigênio - como se fossem esconderijos de criança - surgem enquanto única alternativa para essa escassez de humanidade institucionalizada em que restos de afeto são reciclados em embalagem escatológica pra gerar mais dinheiro. E nós, pois, homens abaláveis de plantão, reconstituímos nossas migalhas na segurança solitária das reflexões auto-suficientes mas (suprema impotência!) aparentemente incapazes de alterar o rumo naturalizado e padrasto das coisas.
O escapismo virou norma de salvação, pelo menos até o fim deste inverno.