
Vi ontem à noite o documentário sobre o Caetano Veloso chamado "Coração Vagabundo". Sinceramente, não me chamou nem um pouco a atenção - além de achá-lo extremamente previsível. Acho que está inserido nesse mesmo esquema de glamorização de artista brasileiro tão-somente a partir do exterior. Todos os olhares, que durante o filme julgam muito elogiosamente a obra de Caetano (Almodóvar, Antonioni, David Byrne etc. ), são estrangeiros. Nada contra o olhar de fora. Mesmo que essa tendência acabe sendo determinante na grande maioria dos documentários musicais brasileiros que eu venho assistindo nos últimos tempos...
Contra todos os possíveis pesares, vale pelos falas do próprio Caetano belamente filmadas através das ruas de cidades japonesas como Tóquio e Osaka. Caetano merece ser visto por mais deslumbradão e fraco o filme dentro do qual ele apareça.
De qualquer modo, gostei muito do comentário de seu filho, Moreno, a respeito de um show que eles fizeram numa dessas casas de espetáculo metidas a besta de São Paulo. Moreno falou que o público era meio difícil de lidar. Fosse pelo fato de se sentirem donos do momento, por terem pago horrores no ingresso, ou, em função do mesmo contexto elitista, por se sentirem oprimidos. Moreno, entretano, segue adiante. Diz que tudo aquilo não chega na banda pois seu pai é como um navio de quebrar gelo!
Em épocas frias e esnobes como a nossa, navios de cortar gelo são sempre bem-vindos!